D.Pedro II foi interpretado neste filme americano de 1930, misto de palestra e documentário:
A interpretação é meio canastrona, mas não posso deixar de sentir um orgulho patriótico boboca ao ver que eles fizeram uma caracterização cuidadosa do imperador brasileiro...
(revendo o link original do filme, no site de AT & T, vejo a informação de que a parte da palestra foi feita pelo próprio assistente de Graham Bell, mr. Watson, gravada exatamente 50 anos depois da descoberta do telefone e do encontro com d. Pedro. Então, os artefatos que ele segura são os que ele próprio manufaturou. Sabendo disso, a palestra inicial algo monótona ganha um interesse maior).
Abaixo, a minha recriação.
O encontro se dá na Exposição da Filadélfia, no centenário da Independência dos Estados Unidos, em 1876. D.Pedro é o convidado de honra e abre a exposição junto com o presidente Ulysses Grant, general que comandou as forças nortistas na Guerra da Secessão.
A comissão julgadora ia passando pelo estande de Graham Bell sem dar maiores atenções, quando D.Pedro - que havia conhecido Graham Bell em Boston, em sua escola para surdos-mudos - pára para cumprimentar o inventor e faz o primeiro teste público do telefone, chamando a atenção dos investidores.
(*queria saber desses malditos reformadores ortográficos, como se pode distinguir este "pára para cumprimentar" sem o uso do acento agudo na terceira pessoa do singular do verbo "parar"... quem teve esta brilhante idéia? ).
Esta é uma réplica do aparelho usado em 1876. Do original só resta uma parte.
No filme de 1926, Graham Bell às vezes tira o funil acústico para falar mais perto do receptor.
E abaixo, algumas cenas do filme. Aos 5 minutos já aparecem as cenas com d.Pedro.
Eu achei muito legal, especialmente depois de já ter feito outros aspectos da Exposição.
O ator é engraçado, tem gestos largos e generosos, teatrais, como um monarca europeu em férias. Mais fanfarrão do que o d.Pedro real, certamente, mas gostei da caracterização: mostra que os realizadores consultaram fotografias e documentos, com desejo de retratar com fidelidade os personagens (não tentaram retratar a "idéia" de um imperador latino-americano, com elementos tropicais... sem dúvida, tentaram se aproximar da imagem real de d.Pedro). E, se a dramatização contou com a consultoria do mr. Watson real, ele também pode ter visto e conversado com o imperador mais de uma vez.
Fiquei com a impressão de que a dramatização foi feita primeira em filme mudo, e depois com o advento do som, algumas cenas mais em close, com os personagens conversando, foram adicionadas. Notei algumas diferenças de cenário entre o plano mais geral, e o plano médio em seguida quando os atores falam. Mas foi feito com cuidado.
Não percam o filme, é bem curioso.
http://www.youtube.com/watch?v=eQd3H8AmtP0&feature=related
Fiquei com vontade de rever o d.Pedro interpretado por Cláudio Marzo no filme "Xangô de Baker Street", de 2001, do livro de Jô Soares; também Sérgio Brito nos especial da Globo "O Natal do Menino Imperador" de 2009 (um primor de absurdos históricos).
http://www.youtube.com/watch?v=lRqK4raKsqA
http://www.youtube.com/watch?v=xbiDHiqj_Bk
Este filminho americano de 1930 foi mais cuidadoso que a Globo com a História do Brasil.
Novidade...